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Dia Nacional do Livro

29 de Outubro - Dia Nacional do Livro - Imagem de pessoas lendo

Dos tijolos de barro e folhas de palmeira aos rolos de papiro, pergaminhos e finalmente ao papel, a história do livro se inicia com a invenção da escrita, há cerca de 5000 anos e passa por uma série de descobertas e inovações tecnológicas até chegar ao formato que hoje preenche as prateleiras das bibliotecas e acervos pessoais ao redor do mundo, conserva a riqueza do conhecimento humano ao longo dos séculos e ainda é objeto de desejo de muita gente. 

Neste post você vai acompanhar um pouco dessa história, descobrir qual o primeiro livro impresso no Brasil, conhecer um pouco das etapas de produção do livro, além de encontrar uma sugestão de leitura para aprofundar seu conhecimento no assunto. Vamos lá?


Dia Nacional do Livro


A data, celebrada ontem, homenageia a fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, em 1810. Localizada no Rio de Janeiro, sua história se inicia com a chegada, em 1808, da família Real que trouxe consigo cerca de 60 mil peças, incluindo livro, manuscritos, mapas e outros documentos. Em 29 de outubro de 1810 é fundada a então denominada Real Biblioteca, cujo acervo foi acomodado nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo. 

Com o acréscimo de livros ao acervo, em 1812 a Biblioteca passa a ocupar também o espaço térreo do prédio da rua Direita. No entanto, somente em 1814 é que seu acervo foi aberto ao público; antes disso só podia ser consultado por pesquisadores e com prévio consentimento régio. 

Seu nome atual, Biblioteca Nacional, só seria adotado em 1877 e somente em 1910, no centenário da instituição, é que ela passa a ocupar o atual prédio, construído na então Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco.

Um grande marco para a história do livro no Brasil, associado à Biblioteca Nacional, foi a criação, em 1915, do primeiro Curso de Biblioteconomia realizado na própria biblioteca. Baseado no modelo da École de Chartres, na França, o curso foi o primeiro da América Latina e o terceiro do mundo. 

Hoje, além de um acervo físico riquíssimo, a instituição é responsável ainda pela Biblioteca Nacional Digital (BNDigital), que disponibiliza todas as coleções digitalizadas, podendo ser comparada às maiores bibliotecas do mundo. 


As primeiras formas de registro


Muito antes da invenção do papel e do livro como o conhecemos hoje, o homem já havia encontrado formas de registrar informações, ideias e conhecimento.


Os sumérios guardavam suas informações em tijolo de barros. Os indianos faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os  maias e os astecas, antes do descobrimento das Américas, escreviam os livros em um material macio existente entre a casca ds árvores e a madeira. Os romanos escreviam em tábuas de madeira cobertas com cera. (CALDEIRA, 2002)


No Egito, por sua vez, era utilizado o papiro, material criado em 2200 a.C. a partir de plantas que nasciam às margens do Nilo e que era guardado em forma de rolos que podiam chegar à 20 metros. A Biblioteca de Alexandria, a maior da Antiguidade, chegou a ter 700.000 rolos de papiro. Outro antecessor do papel foi o pergaminho, material que surgiu por volta de 500 a.C., era obtido a partir da pele de carneiro e que, por ser mais resistente, podia ser costurado. 


O papel, uma invenção chinesa


Feito a partir de uma mistura úmida de fibras vegetais como casca de amoreira e cânhamo, o papel é uma criação do chinês T’sai Lun que, no ano 105 d. C. bateu essa massa, a peneirou, obtendo uma fina camada, e deixou-a secar. Essa invenção permaneceria em segredo por muitos anos, até ser descoberta pelos árabes, que a introduziram na Europa, após a invasão da Península Ibérica. 


Dos manuscritos à invenção da imprensa


Durante muitos anos os livros foram escritos e ilustrados à mão, uma atividade que exigia tempo considerável e, portanto, impossibilitava a produção de muitas cópias. 

Com a invenção da prensa de tipos móveis, por Gutenberg, esse cenário mudou. Antes dele, os chineses já utilizavam ideogramas entalhados em madeira, porém foi com a invenção de Gutenberg, em meados de 1455, que se tornou possível a impressão de livros em maior escala, já que os tipos criados por ele eram mais resistentes e podiam ser reutilizados para a impressão de novos textos. O aumento das impressões de livros, ocasionado pela redução no tempo de produção, fez com ele deixasse de ser um artigo exclusivo do clero e da nobreza, uma vez que o custo de produção também foi reduzido. 

No entanto, como observa Roger Chartier, em A aventura do livro, os manuscritos permaneceram ainda até o século XVIII e mesmo o XIX, sobretudo quando se tratava da cópia de obras que deveriam permanecer secretas. 


O primeiro livro impresso no Brasil


No Brasil as tipografias só surgiriam após a vinda da família real e a fundação da Imprensa Régia por Dom João VI, em 1808. As publicações ali editadas, no entanto, estavam sujeitas à censura de autoridades que deveriam examinar se o conteúdo publicado não era contra o governo, ou feria a religião e os bons costumes. Entre elas podemos citar o primeiro jornal da colônia, o periódico Gazeta do Rio de Janeiro

Já o primeiro livro impresso no Brasil foi Marília de Dirceu, do poeta inconfidente, Tomás Antônio Gonzaga. Essa obra, de grande valor histórico, pode ser acessada em versão digitalizada no site da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da USP. 


As etapas da produção do livro


Vimos até aqui que os livros já foram feitos de diferentes formas e em suportes diversos. Mas você sabe como ele é produzido hoje até chegar às livrarias, bibliotecas e a você?

Pois é, esse é um processo longo e complexo, conhecido como processo editorial, que envolve uma série de profissionais. 

Tudo começa com o texto do autor; se a obra for estrangeira, trabalha-se com o texto traduzido e com o texto na língua original. Esses originais passarão primeiro pelo editor que, em contato direto com o autor/tradutor analisará e obra e poderá fazer uma série de recomendações como mudanças em capítulos e até mesmo no título da obra.

A partir daí o texto, passará um preparador, profissional responsável por fazer uma série de ajustes no texto como mover ou excluir parágrafos, corrigir incoerências, corrigir dados como datas, etc. Depois disso o texto será diagramado, ou seja, organizado em páginas, com as fontes e demais formatações que serão impressas na versão final. A próxima etapa consiste na revisão, que será feita na versão impressa; o revisor corrige erros de ortografia e/ou de digitação, confere o uso de negrito, itálico, numeração e legenda de figruas, entre outros aspectos. Após a revisão, o texto retorna ao diagramador, que fará as correções indicadas e deve ser enviado para uma segunda revisão. Essas etapas entre diagramador e revisor podem se repetir até que o texto esteja de fato pronta para impressão.


Sugestão de leitura


Para saber mais sobre a história do livro, esse suporte precioso, guardião do conhecimento histórico, intelectual e artístico da humanidade recomendamos a leitura da obra  A história do livro, de Ruth Rocha e Otavio Roth, que você encontra no acervo da Biblioteca Angelina. Nele crianças e adultos podem viajar pelo tempo e conhecer todas as invenções que possibilitaram o surgimento do livro como o conhecemos hoje. 


Se você também é um amante dos livros e do universo da leitura, conte pra gente nos comentários qual o seu livro favorito. 


Por Natália Lorevice, estagiária do SIBISC


Referências



Comentários

  1. Data de extrema importancia, pois através da leitura viajamos e conhecemos vários lugares sem custo algum e sem sair do lugar, além do aprendizado que vem de brinde

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